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Cinoterapia

A Cinoterapia, como método educacional e terapêutico que utiliza o cão, a partir de uma abordagem interdisciplinar entre as áreas da saúde e educação, visa com objetividade o desenvolvimento global do sujeito, de modo a melhorar a sua interação com o mundo ao seu redor.
Desde a antiguidade, o homem e o mundo animal tiveram um relacionamento amigável. Esta ligação entre ambos tinha como foco a subsistência e a sobrevivência humana, pois o animal acompanhava o homem ajudava-o na caça e auxiliava-o no transporte de materiais em troca de cuidados e alimentação. Conforme a evolução do homem, a relação entre ele e os animais ia-se modificando pois, alguns animais, tornaram-se mais próximos do homem passando a ser um animal de estimação. No processo de domesticação, o animal de forma geral guardava a casa do amigo/homem, de forma a fornecer tranquilidade aos familiares.
A Terapia Assistida por Cães (TAC) trabalha para desenvolver questões sociais, educacionais e terapêuticas que são proporcionadas no contato e socialização do praticante com o cão, com foco na estimulação de habilidades e capacidades pessoais, sempre com mediação de profissionais da saúde e educação. Isto parece ocorrer devido ao vínculo estabelecido entre ambos, isto é, pelo fato de que o cão também age afetivamente como qualquer pessoa. Quando este estabelece uma relação afetiva, ele passa a criar formas de comunicação. Essa forma de vínculo envolve aceitação total revelada pelos seus atos. Estes denunciam sentimentos, como aprovação e desaprovação. Revelam dores, angustias, frustrações, satisfações e insatisfações. Por isso, muitas vezes, o cão é um dos animais mais indicados e utilizados em terapias com animais.
Os cães de terapia são uma ajuda, principalmente, no que diz respeito ao trabalho em 4 aspetos ou áreas específicas:
Física
Exercícios nos quais é requerido que o paciente se movimente, se levante, ande ou, inclusive, corra em conjunto com o cão e, sobretudo, que interaja com ele, com o objetivo de recuperar a mobilidade perdida.
Cognitiva
Neste campo trabalha-se sobretudo com a memória do paciente. Habitualmente são realizados exercícios que o ajudam a lembrar-se da raça, tamanho, cor e outras características do seu animal.
Emocional
Nesta área a função desempenhada pelo cão é muito importante. Pretende-se que a pessoa se abra e mostre os seus sentimentos e que o animal de estimação lhe sirva de veículo de transmissão para conseguir lembrar-se e poder falar sobre temas ou situações que foram importantes na sua vida.
Relações
Por último, mas não menos importante, temos o campo das relações. Nele trabalha-se diretamente com a motivação, fazendo com que o paciente se relacione com o meio envolvente e, sobretudo, com outras pessoas, conseguindo assim que se sinta seguro e confortável quando sai à rua. Para isso, o apoio e a companhia do cão são essenciais.
Benefícios da cinoterapia
De acordo com muitos estudos, o tratamento com cães de terapia oferece identificação entre o paciente e o animal. Dessa forma, a confiança da pessoa adoentada vai aumentando, o que é muito vantajoso para a saúde mental.
Esses benefícios são sentidos logo no início do tratamento. Pesquisas apontam que após 15 minutos de contato com o coterapeuta, algumas pessoas podem apresentar melhoria nos seguintes quadros: ansiedade, pressão arterial, alta frequência cardíaca, triglicéridos, colesterol, stress e depressão.
Além disso, a Cinoterapia oferece a sensação de bem-estar aos pacientes, o que é muito útil para a recuperação. Isto porque o contato com os peludos estimula a produção de endorfina e adrenalina, duas hormonas importantes para nos sentirmos bem.
A médio e a longo prazo os benefícios são ainda maiores. Após um determinado tempo de convivência com cães terapeutas, os pacientes podem apresentar melhorias na(o):
- Socialização;
- Comunicação;
- Memória;
- Concentração;
- Afetividade;
- Autoestima;
- Prática de atividades físicas;
- Estabelecimento de vínculos.
Qualquer cão pode ser um cão de terapia?
Não, obviamente que não. Os cães de terapia são cães que, de certa forma, nasceram para estas funções e que possuem características muito particulares. É necessário que sejam animais:
- muito tranquilos, com uma personalidade serena e equilibrada;
- controláveis e previsíveis;
- de confiança, que transmitam segurança e a certeza de que nunca se irão;
- irritar ou ter uma má reação;
- fortes e saudáveis;
- que desfrutem das pessoas e do contacto social;
- que possuam uma obediência básica, ou seja, que conheçam as principais ordens de modo a serem controlados, tais como: “senta”, “deita”, “quieto”, “aqui” e “anda”.
Habilidades e treino positivo
Para além de cumprirem todos os requisitos mencionados anteriormente, os cães de terapia deverão ter também certas habilidades especiais para poderem ser treinados corretamente. Não nos referimos a algo fora do normal, mas sim ter a destreza e perspicácia suficientes para entender e realizar corretamente os exercícios que lhe são requeridos para atingir os objetivos. A base do treino dos cães de terapia é fazê-lo de forma positiva. Isto significa premiar o animal quando efetua corretamente o que lhe pedimos e ignorar ou redirecionar comportamentos negativos ou indesejados. O prémio consiste em recompensar o cão com aquilo que ele mais deseja, como comida ou algum brinquedo. Assim, para o cão a terapia será como um jogo. Algo divertido e que o entretém, e que não lhe custará repetir as vezes que forem necessárias.
Gisela