As nossas vidas... com eles!

O Lord, da Marta

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O meu nome é Marta Mamede, tenho 33 anos, sou bióloga, moro em de Vila Nova de Santo André e foi no dia 2 de maio de 2014 que o Lord entrou na minha vida.

Soube que ele era especial desde o primeiro instante. E não estava enganada! Mas… vamos por partes. Não foi o primeiro patudo que tive. Mas veio após um período de luto (aos 6 anos acolhi a Índia, uma cadela arraçada de caniche que viveu durante 16 anos e era como uma irmã para mim).

lordO Lord é um bulldog francês, pirata, e desde muito nova que sempre disse que adoraria ter um exemplar desta raça. No entanto, sou contra a comercialização de animais, por diversos motivos e quem partilha a paixão por animais entenderá com certeza. Mas… Com o meu aniversário à porta, fui surpreendida e levaram-me a visitar a casa de um vendedor de cães.

 

E lá estava ele, com 2 meses e meio, e foi amor à primeira vista.

 

lordSair de lá sem ele tornou-se missão impossível!

E rapidamente lhe escolhi um nome, fomos a um veterinário para fazer um check-up geral e comecei a elaborar uma lista com tudo o que tinha de lhe comprar mal chegássemos ao nosso lar. Na primeira noite, aquela que costuma ser muito difícil quando se afasta um cachorro da mãe, quem não dormiu a noite toda fui eu! Com medo que ele acordasse e se sentisse sozinho ou estranhasse o ambiente à volta, estava armada em mãe galinha! Talvez por desta vez a responsabilidade do patudo já ser totalmente minha. Mas… o meu instinto estava certo! No dia seguinte, comecei a observar mais atentamente o seu comportamento e rapidamente percebi que ele só “respondia” caso houvesse contacto visual. Passados uns dias e em nova ida ao veterinário confirmou-se a minha suspeita: o Lord era surdo de nascença.

Várias pessoas  me questionaram se não iria reclamar junto do “criador” ao que sempre respondi que não, amava-o assim. Era somente uma particularidade e haveríamos de contorná-la. Talvez por isso, e ainda hoje, ele parece uma sombra, sempre atrás de mim por toda a casa. E quando se deita fica “colado” a nós (para dar conta quando saímos). Revelou ser um cão muito esperto (aprendeu rapidamente a fazer as necessidades em resguardos e posteriormente na rua), brincalhão e acima de tudo mimoso! Adora crianças.

lordTudo corria bem, até que aos 11 meses começou com problemas intestinais e após duas idas ao hospital veterinário foi-lhe feito um raio-x que veio a revelar a causa: gases acumulados! Sim, leram bem! Que quando libertos, parecem verdadeiras bombas atómicas. Problema que se resolveu rapidamente, com medicação e mudança de ração especial para casos gastro intestinais (cuidado que mantém até aos dias de hoje).

Mas… o raio x também revelou duas hérnias na sua coluna. Graves. Uma delas foi-me logo dito no momento que poderia causar-lhe paralisia a qualquer instante. E aí… fiquei sem chão. Ele era tão novo, tinha tanto para correr, saltar, brincar, como assim pode ficar paralisado? Além disso, tinha de ter desconforto e dores. Como é que eu nunca tinha dado conta? Tínhamos de mudar hábitos no seu dia-a-dia. Mais uma aprendizagem. “Não pode subir/descer de alturas, como por exemplo de um sofá ou cama. Não pode subir/descer escadas (felizmente o nosso prédio tinha elevador). Não pode sofrer um puxão repentino à trela. Nas mudanças de temperatura sentirá mais desconforto. Fiquem atentos a todos os sinais.” Eram algumas das indicações. Vim para casa com um problema resolvido, mas outro para processar e digerir. O seu dia-a-dia tinha de ser repensado. Tínhamos de mudar hábitos. Fomos aconselhados a fazer um seguro de saúde para ele, para ajudar em todas as despesas que teríamos pela frente (e que precioso conselho!). Era importante consultar a opinião de um especialista (neurologista veterinário), fazer um TAC (que veio a revelar que a operação era muito arriscada), entre tantas outras coisas. Mas igualmente importante era observar o seu comportamento, pois são considerados animais fortes e que não demonstram facilmente dor ou desconforto. Ao longo do tempo fui percebendo certos sinais. Fomos moldando arestas. Já teve crises, infelizmente algumas graves e assustadoras (a primeira aos 3 anos de idade). Já levou injeções e tomou medicação para as dores, inclusivamente já fez tratamento com cortisona. Atualmente realiza uma medicação diária (Neurobion). Mas continuamos na nossa luta. Enquanto o bom superar o mau. Sempre com muito amor.

E assim vamos nós. Um dia de cada vez. Partilhamos a nossa caminhada já lá vão 7 anos e 4 meses. Com mais altos do que baixos. Continuo com receio do dia de amanhã. Mas quero acreditar que sempre lhe proporcionei o melhor que estava ao meu alcance, que ele foi (e é) feliz e acima de tudo aproveitar o tempo que temos juntos .

 

Marta Mamede

 

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