A Escola de Cães-Guia para Cegos de Mortágua????‍????

No passado dia 28 de abril celebrou-se o dia do Cão Guia????‍????.

Assim, resolvemos falar com a Escola de Cães-Guia para Cegos de Mortágua, AVAADV, a única escola portuguesa de cães guia para cegos, para perceber quem são e qual a missão que os move.

Embora atualmente tenham expandido um pouco as suas valências, nomeadamente ao nível da disponibilização de cães para lares de idosos, como cães de companhia, ou crianças com Necessidades Educativas Especiais, este projeto começou em 1999 pela persistência e empenho de Júlio Paiva, professor de Mobilidade com vasta experiência no acompanhamento de cegos e na problemática da orientação e locomoção. Com ele estavam João Pedro Fonseca e Filipa Paiva ambos veterinários.

Foi a dra. Filipa que simpaticamente nos explicou tudo! Desde o percurso que a escola fez até hoje, como todo o processo de aprendizagem e adaptação dos cães, e dos próprios cegos.

Foi através dela que ficámos a saber que, neste momento, a escola conta com uma equipa fixa de 14 pessoas no total (entre educadores (no momento 4, únicos em Portugal com esta profissão), veterinários, tratadores, administrativos…), mas que tem também uma base de voluntários por excelência, que fazem o acolhimento dos cães no seu primeiro ano de vida, para iniciarem o processo de socialização. No segundo ano de vida os cães começam a frequentar a escola, e vão a casa apenas aos fins de semana; só depois deste período é que estão aptos para a sua função.

Começa então a procura pelo utilizador adequado ao perfil do cão e daí segue-se um período de duas semanas de adaptação um ao outro (a primeira na escola e a segunda já em casa do utilizador).

“Infelizmente não conseguimos dar resposta a todos os pedidos que temos…” desabafa a doutora…Apenas temos capacidade para formar cerca de 16 duplas por ano…

A doutora contou-nos que a procura é muita mas a verdade é que quando entregam um cão guia têm de ter a certeza que ele está realmente preparado e não vai colocar em perigo o seu utilizador. Por isso, trabalham maioritariamente com cães labradores puros, a raça que se revela mais propicia a esta função, por ter uma boa capacidade de aprendizagem e de registo, não ser agressiva e revelar bons índices de obediência. Curiosamente, as fêmeas são mais fáceis de trabalhar… os machos podem ser mais desobedientes, o que faz com que a maioria dos Cães Guias sejam, afinal… Cadelas.????

Desde 1999 até hoje a escola já formou mais de 230 duplas!!! O primeiro cego português a receber um cão guia foi Augusto Hortas, em 1999, ainda quando a escola estava em fase de projeto.

A Camila, a labradora preta que lhe foi entregue, foi assim um marco importante na história não só da Escola, mas na vida de todos os cegos portugueses, que procuram uma vida mais autónoma e com maior integração social.

Consideramos importante realçar que a escola é uma das entidades membro da CEN 452 – Cães de Assistência (que, a nível Europeu, está a desenvolver a Norma que a médio prazo irá definir o processo de Certificação deste tipo de cães), tem, desde 2015, implementado um sistema de gestão de qualidade certificado segundo a norma ISO 9001 e está filiada na IGDF (International Guide Dog Federation), a entidade que no mundo inteiro congrega este tipo de escolas e que garante aos cegos utilizadores que o Cão Guia que recebem é gratuito e está apto a desenvolver a Missão para que foi treinado. Para além disso, enquanto estão nas famílias de acolhimento, todas as despesas de alimentação e saúde são asseguradas pela escola.

Se se estão a perguntar de onde chegam os rendimentos da escola, aqui fica a explicação:

55% do orçamento da Escola é assegurado pela Segurança Social. O restante é completado através de parcerias com personalidades e instituições, donativos (monetários, acessórios para os cães…), apadrinhamento de cães, participação em eventos de angariação de fundos (o que este ano tem sido muito complicado) e voluntariado.

A finalidade última de toda a receita será sempre o reforço da capacidade da instituição, no sentido de “caminharmos para um futuro em que os cegos portugueses deixem de esperar tantos anos pelo seu cão guia (…) e que as crianças e idosos possam usufruir dos cães de intervenção para alcançar uma melhoria da sua qualidade de vida.

Se quiserem conhecer melhor a Escola, ou até saber como podem ajudar (ou como podem ser ajudados por ela) passem pela página deles ou pelo seu facebook! Deixamos aqui os contactos e um agradecimento à Dra. Filipa pela disponibilidade e simpatia com que nos “recebeu”!

http://www.caesguia.org/ 

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