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Os animais da Zé

Quem não convive com animais não acredita nas mil e uma coisas que se passa com eles.
Sempre tive animais em casa. Enquanto morei na cidade limitei-me aos cães e gatos. Sem contar com um coelho bravo, e patinhos do dia amarelinhos, que os meus filhos adoravam andar pelo corredor fora atrás deles e eu feita parva atrás com papel higiénico a apanhar os cocós que os danados iam fazendo!
Desde que moro no Monte, expandi o meu rol e já tive de tudo um pouco.
Cães, gatos, galinhas, gansos, pássaros exóticos, pavões, faisões, ovelhas, cabras anãs, nandus, burros… e algumas ratazanas e ratos fareleiros que por cá aparecem mesmo sem serem convidados!
Ter animais torna-nos em seres muito melhores.
Ficamos mais tolerantes, mais calmos, menos stressados, mais responsáveis… em suma, ter animais ajuda-nos a levar uma vida melhor. Ter um amigo animal é manter uma amizade duradora.
Mas, ter um animal, não é só coisas boas! Eles adoecem e envelhecem. Vivem sempre menos tempo do que desejaríamos.
Uma vez um dos meus gatos de casa – O Sexta-feira – já velhote, adoeceu com sida felina. “Não tem cura” diz o Veterinário. Pedi para o eutanasiarem. Vim a chorar o caminho todo de volta a casa.
Vou agora contar algumas histórias mais engraçadas com estes meus amigos de 4 patas.
Era uma vez uma Gata, que achava que era uma Humana
Como moro num Monte os meus animais andam todos à solta, mas ao serão gosto de ter um gato ao colo, portanto alguns gatos, os que se revelam mais meigos, têm um salvo-conduto. Ora vão à rua, ora estão em casa. E são esses que acabam por ter mais atenção. Nestes 20 anos de vida no campo já houve vários que coabitaram connosco, mas da última, que viveu cerca de 15 anos, é a que tenho mais histórias. A “Rosita” era um amor. Como dizia a minha filha, ela julgava que era humana. Só lhe faltava falar. Uma vez saímos uma semana e ela ficou ao cuidado duma senhora que vinha tratar da bicharada. Quando chegámos peguei-lhe ao colo e a danada mordiscou-me a mão! Fiz-lhe festinhas e ela lambia-me. Logo a seguir mordia-me. Estivemos nisto nem sei quanto tempo. Era a maneira que ela tinha de me dizer: nem te atrevas a deixar-me outra vez! Nessa noite tive tanta pena dela que a deixei dormir comigo. É só hoje – disse eu – animais na minha cama? Nem pensar! É claro que foi a cama dela até morrer.
Um Setter cor de Fogo
Ainda morávamos na cidade, disse um dia ao meu marido: Para ser feliz só precisava de ter um lamborguini cor de ginja ou… um setter cor de fogo. Como ter um carro desses estava fora das nossas posses, lá veio o cão. Era o Fire. O meu menino. Dizem que os setters são teimosos. Nada disso eles têm é muita personalidade! (O mesmo acontece com os burros que também são apelidados de teimosos. Mas já lá vamos.) Com o Fire aconteceu o mesmo que com a Rosita. Trouxemos o cão para o Monte uma semana antes de virmos para cá morar. O meu marido vinha todos os dias dar de comer à bicharada que fomos juntando. Quando no fim de semana vim cá, entrei ao portão e o Fire veio a correr pra nós. Viu que era eu, a sua dona do coração, deu meia volta e virou-me as costas. Amuou! Foi um processo moroso cativar outra vez o seu amor. Os bichos têm destas coisas!
Burros, para me ajudarem com as laranjas… Ou não…
Nestes anos todos já morreram alguns e deixámos de ter outros tantos. (Já estamos a ficar velhos) mas os que temos, que ainda são muitos, preenchem-nos os dias com muito trabalho, sim, mas também com muita companhia. Cada vez que pegava nos baldes para ir às laranjas, dizia: Gostava tanto de ter um burrinho. Punha-lhe um alforge e carregava-o de laranjas para me ajudar a trazer para casa. Pimba, 3 burras e um burro chegaram ao Monte. Neste momento já temos 10 e eu continuo a carregar os baldes sozinha! As burras eram meigas mas o macho vinha em estado selvagem. Com muita paciência fui-me aproximando devagar, com muita calma, e hoje é o mais manso de todos. O meu Ruby. Já tinha acontecido durante alguns dias dar biberon a borregos que, por qualquer razão, as mães rejeitaram, mas a burros… foi uma estreia. Há uns anos nasceu uma burra cuja mãe não tinha leite suficiente para a criar. Durante 6 meses lá vamos nós de 3 em 3 horas dar biberon à burra. É uma experiência única.
São tantas e tão variadas as histórias que podia ficar aqui eternamente a falar dos meus animais, mas para já partilho com vocês estes meus momentos e para aqueles que nunca tiveram um animal, (a sério? Nem um grilo? Nem uns bichinhos da seda? Nem um peixinho de aquário?) espero ter conseguido incentivar o gosto pelo convívio com estes seres extraordinários!
Zé Picciochi Fortio
Vida linda
Vida linda querida amiga