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A minha família tem um animal de estimação!

Na sociedade atual, além das mudanças ocorridas nas configurações familiares, pode-se observar, também, uma mudança no papel que os animais de estimação exercem dentro (e fora) do seio familiar. Neste contexto, os animais de estimação assumem um papel diferenciado nas relações intrafamiliares, de modo que o(a) dono(a) identifica o seu animal de estimação como membro da família, participando das atividades diárias.
A relação entre o Homem e o animal tem sido analisada cientificamente, sendo que a literatura refere a diferenciação de dois atos comportamentais: antropomorfismo dos animais e o tratamento dos animais de estimação na perspetiva utilitária.
No antropomorfismo, definido pela relação de indivíduos com os seus animais, podem ser visualizados diversos benefícios para ambas as partes, bem como o facto dos donos considerarem os seus animais como “sujeitos” com qualidades humanas ou como membros da família. Existe a atribuição de estado mental (pensamentos, sentimentos, motivações e crenças). Dentro desta perspetiva, enquadram-se aqueles donos que vêm e sentem os seus animais de estimação como membros da família, que dão e recebem alguma forma de carinho e proteção. Neste caso, o papel desses animais, no contexto familiar, é o de satisfazer as necessidades humanas de companhia, amizade, amor incondicional e afeto. Neste caso, existe o sentimento de “Pet Love”, que consiste na relação entre homem e animal de estimação marcada por um alto nível de cuidado, durante um longo período de tempo, em que os animais de estimação estão incluídos nas normas do amor familiar, bem como no ideal de amizade. Os donos retiram, desta relação Pet Love, amor, segurança e suporte emocional para os membros da família.
Por sua vez, na perspetiva utilitária, a interação é percecionada como recurso em que o convívio com o animal traz benefícios aos donos mas não são atribuídas quaisquer características humanas aos animais. Neste tipo de relação, os donos apresentam uma postura emocional mais distante (e.g. animais de caça, animais de guarda, produção e venda, entre outros).
Independentemente da relação mais ou menos empática, mais ou menos afável, verifica-se um impacto e influência dos animais de estimação na vida das pessoas (e na sua autoestima).
São capazes de transmitir a sensação de bem-estar por serem carinhosos e cuidarem das pessoas que estão ao seu redor de uma forma pura, genuína e sincera.
O cérebro humano é capaz de reconhecer qualquer gesto sincero e genuíno, portanto os benefícios desta convivência são sempre positivos.
Existem muitos benefícios que possibilitam o acréscimo na qualidade de vida, e o impacto positivo não se cinge apenas nos donos, sendo observado também nos seus animais de estimação. Afinal, o bem-estar é recíproco.
Mas, então, que benefícios são estes?
1. Cura a solidão.
O animal de estimação por ser uma excelente forma de companhia, diminui a sensação de isolamento social e solidão. Permite à pessoa sentir segurança e afeto, amenizando o sofrimento que o isolamento social impõe. Apresenta, também, excelentes benefícios para quem sofre de depressão ou de outras problemáticas psicológicas (vamos falar sobre isso no futuro?).
2. Melhora a autoestima e o amor próprio.
Quando temos um animal de estimação, o contacto e a relação com este estimula o sistema límbico (zona cerebral ligada às emoções). Verifica-se o estreitar de laços de amor e carinho incondicional o que, por si só, fortalece a autoestima. Não esqueçamos que os animais não julgam os nossos atos (estão sempre lá, não é verdade?).
3. Diminuição do stress, sintomas depressivos e/ou ansiedade.
Observemos o nome “animal de estimação”. Este remete-nos para o ato de estimar, para uma relação de carinho e afeto: vamos estimar e ser estimados. Existem intervenções psicoterapêuticas com recurso a animais cujos resultados comprovam que o impacto e benefícios são imensos e positivos!
4. Motivação e vida social.
A rotina de sair para passear, propiciar atividades, estimular interação, preocupação com o bem-estar (entre outros) faz com que os donos tenham, automaticamente, novos objetivos e o estabelecimento de rotinas necessárias, o que irá promover também a estimulação social.
5. Responsabilidade.
A exigência de uma rotina diária que assegure os cuidados básicos dos animais de estimação (alimentação, higiene, passear, entre outros) obrigará aos donos a uma reorganização e ajustamento das suas rotinas e obrigações. Em pessoas menos disciplinadas poderá ser um desafio e serão altamente beneficiadas, pois necessitarão inevitavelmente de se reajustar perante a responsabilidade de cuidar e amar um animal de estimação.
6. Felicidade.
A relação de afeto, cuidado e sensibilidade que persiste na interação entre dono e animal de estimação aumenta os níveis de oxitocina que, por sua vez, estimulam a produção de serotonina e dopamina. A produção de serotonina está intimamente ligada à diminuição do sentimento de solidão e dos sintomas de depressão. A dopamina impulsionará os donos à concretização dos seus objetivos, promovendo o bem-estar físico e a realização adequada das atividades motoras. Abraçar o seu animal de estimação terá, automaticamente, o benefício na produção de oxitocina. Em suma, sentir-se-á mais feliz na interação com o seu animal de estimação. Existem inúmeros estudos científicos que comprovam que o convívio e interação entre as pessoas e os animais resulta em estados de maior felicidade, mais bem-estar, melhor qualidade de vida individual e familiar.
E vocês que tem animais de estimação, identificam-se com este artigo? Que outros benefícios sentem com o convívio e presença do vosso animal de estimação na vossa família?
Psicóloga Gisela Santos